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segunda-feira, 27 de maio de 2013

Gabarito da 1ª Lista

GABARITO LISTA 1 – ECONOMIA INTERNACIONAL
Professor Wellington da Silva Pereira

1- Mostrar que o conceito de vantagem comparativa é relacionado com o custo de oportunidade da produção de um bem em termos do outro bem produzido na economia. Exemplificar numericamente com similaridade à questão 5, 8 ou 9.

 2- O pressuposto ricardiano é que a economia se especializa nos bens nos quais esta possui vantagens comparativas. As principais hipóteses do modelo são: - Mercado de concorrência perfeita. - PmgL = w (não há lucros). - Tecnologias diferentes em termos de produtividade do trabalho. - Retornos constantes de escala. - Duas economias, dois bens, um fator, entre outras hipóteses.

 3- Demonstrar o que acontece aos salários dos trabalhadores, lucros dos proprietários de capital e dos proprietários de terra se, por exemplo, ocorre um aumento no preço das manufaturas: - Salário em termos de manufaturas, w/Pm, cai, e o salário em termos de alimentos, w/Pa, aumenta. - Proprietários de K ficam em melhor situação. Maior lucro para o setor. - Proprietários de L ficam em pior situação. Menor lucro para o setor. Justificar os fenômenos.

 4- a) Qm= 25. b) Sendo LM1= 300 e LM2= 300, Qm1= 6000 e QA1= 9000.

 5- a) Nenhum país possui vantagem absoluta na produção de suco de laranja. EUA possui vantagem absoluta em computadores. EUA possui vantagem comparativa em computadores e Brasil possui vantagem comparativa em suco de laranja. b) 45 unidades de suco de laranja (100L). c) Os ganhos adicionais/absolutos são 140 para a produção mundial.

 6- _____________

 7- a) Falso. Modelo ricardiano não se baseia em custos de produção e baseia-se em demanda por trabalho e não demanda. As economias de escala são consideradas constantes neste modelo. b) Verdadeira. Promove também convergência de preços.

 8- C.

 9- A.

 10- D.

 11- Dados os preços relativos, o país A é abundante em L, e como alimentos são intensivos em trabalho e o custo de oportunidade entre manufaturas e alimentos é alto neste caso, o país em questão exportará em alimentos. O país B é abundante em K e seguindo a mesma lógica, exportará máquinas, pois o custo de oportunidade entre alimentos e manufaturas é alto e máquinas são intensivas em capital.

 12- a) Dado que L= 600 e T = 60, e sabendo que L = La + Lt; T = Ta + Tt, através de um sistema de equações tem-se que: -Tt= 20. -Ta= 40. -La= 200. -Lt= 400. b) Utilizando-se de um diagrama como o das páginas 73 e 74 (4ª edição Krugman & Obstfeld), que demostra as alocações de recursos da economia, mostrar que: -La= 133,4. -Lt= 666,6. -Tt=33,33. -Ta= 26,66.

 13- Demonstrar através do fluxograma de preço-espécie de Hume, que devido a uma taxa de câmbio desfavorável, causada por aumentos da quantidade de moeda ofertada (M), ocorriam déficits na conta corrente do país. Como ocorrem mais importações, devido a aumentos de preços internos, ocorre diminuição da base monetária que reduz os preços internos novamente, causando maior entrada de moeda, que aumenta a base monetária novamente, fechando o ciclo. Em uma economia simplificada, a base monetária é igual à oferta de moeda. Para os governos mercantilistas, a riqueza não provinha do comércio, como para Hume, mas sim do entesouramento das moedas. Hume os critica por confundirem riqueza com moeda.

 14- Relacionar o surgimento do Estado Moderno e a unificação econômica com a monetização da economia. - Monetização trouxe inflação. Instabilidade do nível de preços, o que traz incerteza (preços relativos), porém comércio mundial cresceu. - Antes do surgimento da utilização da moeda como meio de troca, reserva de valor, entre outras das suas utilizações, a economia sofria deflação do nível de preços, o que limitava o comércio mundial, porém o nível de preços era estável.

 15- Se há divisão social do trabalho surge maior eficiência/ produtividade do trabalho, que é o fator determinante para que certo país tenha vantagem absoluta sobre outro.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Errata da 1ª Lista de Exercícios


  • No exercício 4) a): A função de oferta relativa deve ser QM = [1/2PM.(PA^-1)].QA  em vez de do coeficiente 2 antes de PM.

  • No exercício 12) :
    • No enunciado: aLt = 20; aLa = 5, em vez de aLt = 40; aLa = 10.
    • No item a: L = 600; T = 60,  em vez de L = 1200; T= 120.
    • No item b: L = 800 h  em vez de L = 1500 h.

Um vídeo humorado sobre a Teoria das Vantagens Comparativas


Atividade extra-sala


ATIVIDADE EXTRA - ECONOMIA INTERNACIONAL
Prof Wellington Pereira
Entrega em 03/06

Comércio Exterior
16/1/2012 - 12h22
Reforço da inserção primário-exportadora é a resposta do Brasil à crise financeira
Começa um debate ideológico subliminar sobre os rumos da economia brasileira face à crise externa. O cerne deste debate, de que nos dá conta uma recente entrevista (jornal O Estado de S. Paulo, 8/1/2012, pag. B4) do diretor do Instituto Casa das Garças, Edmar Bacha, é a economia dos recursos naturais. Em primeiro lugar, vamos contextualizar, para discernir com maior clareza o que está em jogo.
Pela especialização externa a que se dedicou na última década, a economia brasileira disputa uma fatia crescente de uma renda extraordinária que se poderia obter com exploração de recursos naturais - terras, jazidas, reservas de água doce e campos petroleiros. As dotações (não produzidas) desses recursos naturais passaram a significar uma fonte importante de rendimento econômico aos seus proprietários - a clássica renda fundiária, que virou novo/velho filão da acumulação de capital, não apenas no setor primário da economia, mas também no conjunto do sistema econômico.
O fenômeno visível e revelador dessa renda em ascensão é o forte movimento de alta dos preços das terras rurais, jazidas minerais, campos de petróleo e bem assim, por outras vias, a opção por investimentos hidroelétricos. Os preços desses ativos (recursos naturais) são puxados pelo boom das commodities agrícolas e minerais internacionais dos últimos doze anos, como também pela política financeira e fundiária do Estado brasileiro.
Segundo uma visão econômica clássica do comércio internacional (David Ricardo, 1817), essa renda fundiária extraordinária refletiria uma "vantagem comparativa natural" que o Brasil obteria em suas relações com as economias industriais maduras, e também em relação às economias de países superpopulosos (China, Índia e Japão), relativamente aos estoques de recursos naturais para abastecer seu crescimento econômico.
Esse filão de vantagens comparativas naturais, que na teoria clássica está umbilicalmente ligado à disputa pela renda fundiária, seria para alguns economistas a pedra angular da nova inserção brasileira na divisão internacional do trabalho. Os mais exagerados adeptos das "vantagens comparativas" já nos veem como sócios proprietários de um novo mundo que se gesta com centro econômico na Ásia. Os mais prudentes assinalam que há outras coisas a fazer, além da especialização primária.
Por outro lado, como essa especialização primária no comércio internacional se dá com paralela e evidente perda de participação da maioria dos ramos manufatureiros, e como em geral a economia dos serviços pouco exporta, recai todo o peso do ajuste das transações externas sobre o setor primário.
É aqui que está o nó da questão. A suposta pedra angular revela-se uma pedra de tropeço. Isto porque a especialização primária no formato em que está se estruturando impele o sistema de acumulação de capital a uma voraz superexploração de recursos naturais e/ou internacionalização de direitos de propriedade, como via necessária de ajustamento aos déficits crescentes - primeiro nas transações mercantis externas (conta-corrente) e depois no próprio movimento de capitais.
Em linguagem mais simples e direta: superexploração de recursos naturais significa perda irreversível de recursos de patrimônios intergeracionais naturais, que, sob o nome genérico de terra, significam biodiversidade, solos, florestas nativas, rios, patrimônios genéticos, aquíferos, saúde ambiental, etc., todos convertidos em commodities produzidas a custos sociais elevadíssimos e socializados, enquanto os benefícios econômicos ficam restritos aos proprietários da riqueza.
Finalmente, o ajuste à crise financeira externa pelo aprofundamento da inserção primário-exportadora e pela maior internacionalização dos ativos do setor primário, incluindo o pré-sal, tese em circulação em certos círculos ultraconservadores, converter-se-ia em médio prazo em uma gigantesca dilapidação de recursos não renováveis. Agravaria também a concentração fundiária, sem criar perspectiva séria de desenvolvimento para o país. É hora de pensar o Brasil a sério!
* Guilherme Costa Delgado é doutor em economia pela Unicamp e consultor da Comissão Brasileira de Justiça e Paz.

1.      Quais os argumentos que o autor do artigo se utiliza para não concordar com a Teoria das Vantagens Comparativas no caso do Brasil?
2.      Tudo estaria perdido com a especialização em recursos naturais?
3.      Até agora, com base no que foi estudado, qual sua visão sobre esse debate?

terça-feira, 21 de maio de 2013

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Energia barata nos EUA já afeta indústrias no Brasil

13/05/2013 | 08:38 | AGÊNCIA ESTADO

A concorrência com o baixo custo do gás de xisto americano, que em três anos ficou cinco vezes mais barato que o gás natural no Brasil, está fazendo o País perder ou adiar bilhões de dólares em investimentos. Indústrias que têm até 35% de seus custos no gás, como cerâmicas, vidro, petroquímica e química, perderam competitividade, elevaram importações e migram investimentos para o exterior. Até setores tradicionais,como o de brinquedos, sentem os efeitos. "Uma fatia importante do setor está com forno desligado. Estamos perdendo competitividade. O risco é a produção nacional ser substituída pela importada", diz o superintendente da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos (Anfacer) Antonio Carlos Kieling.
Kieling diz que as importações do setor estouraram 9.000% em sete anos, para US$ 220 milhões ao ano, num movimento crescente, já que 25% dos custos de produção vêm do gás. A avaliação sobre perda de competitividade é a mesma em vários setores, mas atinge com maior peso a indústria química e petroquímica. Empresas como Braskem, Unigel e Dow Chemicals estão entre as que paralisaram decisões de investimento de bilhões de dólares.
A multinacional de vidros AGC decidiu há pouco mais de três anos investir numa fábrica de R$ 800 milhões. Será inaugurada em Guaratinguetá (SP) neste ano para produção de vidro plano, espelhos e vidro automotivo. "De lá para cá o preço do gás dobrou, mudou totalmente o cenário e a rentabilidade", disse o CEO da AGC Vidros do Brasil, Davide Cappellino.
A decisão de dobrar a capacidade, com mais R$ 800 milhões, foi suspensa por tempo indeterminado. Unidades da multinacional nos Estados Unidos, Emirados Árabes, Arábia Saudita e Egito, onde o preço do gás é cerca de cinco vezes mais barato, ganharam preferência na destinação de recursos. "Com certeza o preço do gás tornou a decisão de investir no Brasil muito mais difícil".
A também multinacional Cebrace planejou até R$ 1 bilhão para transformar o Brasil em plataforma de exportação de vidros para a América Latina. A empresa estancou novas decisões de investimentos no Brasil e voltou os olhos para países como Argentina e Colômbia. O mesmo aconteceu com a Guardian, que revê investimentos. Hoje, o setor importa 35% do vidro plano, contra 10% de 2007.
"Não há novos investimentos de peso, e o futuro depende de decisões de agora. Quero ver como o setor vai estar lá para 2018", diz o superintendente da associação setorial Abividro Lucien Belmonte, que estima, grosso modo, uma perda de até US$ 3 bilhões na década pela redução de competitividade acarretada pelo preço do gás.
A reviravolta no mercado aconteceu depois de uma revolução energética nos EUA, com a disseminação nos últimos cinco anos da técnica de fraturamento terrestre em formações de xisto. Neste curto período, os EUA trocaram a posição de grande importador de gás pela de potencial exportador, cenário impensável em 2008. A superoferta fez o preço do gás americano cair de US$ 9, naquele ano, a US$ 1,82 por milhão de BTU (unidade térmica britânica) em abril de 2012.
Hoje, fica em torno de US$ 2,5 a US$ 3 por milhão/BTUs. No Brasil o produto está cerca de cinco vezes mais caro, entre US$ 12 e US$ 16. Na Europa, ronda os US$ 8 a US$ 10.
"Todo mundo que compete no mercado internacional e que tem produção no Brasil está reclamando conosco", diz uma fonte do governo.O efeito é mais intenso para indústrias que usam o gás como matéria-prima, caso de fertilizantes, ou para mover as máquinas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

1ª Lista de exercícios


LISTA 1 – ECONOMIA INTERNACIONAL – Diurno (Entrega em 27/05)
Professor: Wellington Pereira
Monitora: Caroline Helena Razera
1- Demonstre como a ideia de vantagem comparativa se relaciona com o custo de oportunidade de um determinado país. Dê um exemplo numérico.
2- Mostre o pressuposto para que os países participantes do comércio internacional ganhem com o comércio no modelo ricardiano, dissertando sobre as principais hipóteses deste último.  Dê um exemplo numérico.
3- Dado o modelo de fatores específicos, explique o efeito de uma mudança dos preços relativos na distribuição de renda para os trabalhadores, proprietários de capital e os de terra.
4- Imagine uma economia que produza dois bens e que possa alocar sua oferta de mão-de-obra entre dois setores. Além deste fator móvel, existem o capital e a terra como fatores específicos das manufaturas e dos alimentos, respectivamente. 
a)      Dada uma restrição orçamentária, qual o efeito de um aumento de 10% no preço relativo das manufaturas sobre o nível de produção de manufaturas? Demonstre numericamente e graficamente através das curvas de fronteira de possibilidades e da isovalor. Sendo: PMo = 1; PAo = 2; QMo = 10; QAo=50; QA1= 20; e dada a função de oferta relativa dos bens: QM = [2PM.(PA^-1)].QA.
b)      Utilizando o mesmo exemplo numérico do item a), e mantidos constantes os preços dos bens, o que ocorre com os níveis de produção de alimentos e de manufaturas se somente o fator móvel total aumenta de LTo=300 para LT1=600, com aumentos fatorialmente proporcionais no setores da economia? Sendo: LMo= 150; Ko,1=10; To,1=10. Dado as funções de produção abaixo: (LT= LM+LA)
QM = 2K.LM
QA = 3T.LA

5- De acordo com o diagrama a seguir, responda os itens abaixo.

Suco de laranja(em 100 L)
Computadores(em unidades.)
EUA
-20
+200
BRASIL
+20
-60
Ganhos do comércio



a)      Mostre as vantagens absolutas e comparativas de cada país.
b)      Qual o custo de oportunidade para a produção de 450 computadores em termos de suco de laranja(litros) para os EUA?
c)       Quais os ganhos absolutos do comércio internacional caso as economias se especializem de acordo com as vantagens comparativas?

6- Monte um exercício numérico similar ao do exercício 5), respondendo as requisições dos itens a) a c).
7- De acordo com as teorias do comércio internacional, julgue os itens a seguir, justificando-os:
a)      De acordo com o modelo ricardiano, as vantagens comparativas, baseadas em diferenças nos custos de produção, na demanda e na presença de economias de escala, justificam a existência do livre comércio entre países e se traduzem em ganhos adicionais para consumidores e produtores domésticos.
b)      No modelo de Heckscher-Ohlin, a idéia de que o comércio internacional promove a convergência e até equalização dos salários entre países não se sustenta caso essas economias utilizem tecnologias distintas.

8- Suponha que os custos de produção (em termos de unidades de trabalho) de vinho e de tecido na Inglaterra e em Portugal sejam conforme a tabela abaixo:

VINHO
TECIDO
PORTUGAL
10
20
INGLATERRA
50
50

Assim, por exemplo, para produzir uma unidade de vinho em Portugal são usadas 10 unidades de trabalho; e na Inglaterra, 50 unidades de trabalho. Pode-se, então, afirmar que:
a)      A Inglaterra tem vantagem absoluta em ambas as indústrias.
b)      Portugal tem vantagem comparativa em vinho e em tecido.
c)       Portugal tem vantagem comparativa em vinho e a Inglaterra, em tecido.
d)      Portugal tem vantagem absoluta em vinho, mas não em tecido.
e)      Portugal tenderia a se especializar na produção de tecido e a Inglaterra, em vinho, caso se abrisse o comércio entre os dois países.
9- De acordo com a teoria clássica ricardiana, suponha que dois países (A e B) que produzem dois produtos (X e Y), usando apenas um fator de produção (trabalho). As produtividades médias do trabalho constantes na produção de ambos os bens e em ambos os países são apresentadas na tabela abaixo.
 

País A
País B
Produto X
2
1
Produto Y
3
2

É correto afirmar que o país A deverá:
a)      Exportar o bem X e importar o bem Y.
b)      Exportar o bem Y e importar o bem X.
c)       Exportar tanto o bem X como o bem Y.
d)      Não comercializar com o país B.
10- O modelo de Heckscher-Ohlin, de comércio internacional, supõe que, entre os países envolvidos, a(o):
a)      Vantagem comparativa seja anulada.
b)      Dotação de fatores de produção seja a mesma.
c)       Economia de escala na produção determine o comércio internacional.
d)      Tecnologia disponível seja a mesma.
e)      Comércio internacional de fatores de produção possa ocorrer.
11- O país A é abundante relativamente no fator trabalho, enquanto B o é em capital. Ambos podem investir na produção de alimentos, intensiva em trabalho, ou na produção de máquinas, intensiva em capital. De acordo com a teoria de dotação de fatores (Heckscker-Ohlin-Samuelson), em qual atividade cada um dos países deveria se especializar para que o comércio internacional fosse o mais benéfico possível para ambos os países?
12- Suponha que, em uma economia conforme a teoria de Heckscher-Ohlin e aos preços correntes dos fatores, os tecidos utilizam 40 horas de trabalho para cada alqueire de terra e alimentos são produzidos utilizando 10 horas de trabalho por alqueire de terra.
a)      Determine a alocação de recursos da economia, dado que o LT= 1200 horas de trabalho e TT= 120 alqueires de terra.
b)      Demonstre graficamente o que ocorreria com a alocação dos recursos da economia caso a oferta total de mão-de-obra aumentasse para 1500h.
13- Descreva como David Hume se coloca contrariamente as políticas econômicas do mercantilismo através do fluxo preço-espécie.
14- Disserte sobre os benefícios econômicos trazidos pela ideologia mercantilista relativamente às economias anteriores ao período em que este era vigente, onde estas que sofriam de deflação e eram politicamente segmentadas.
15- Relacione a divisão social do trabalho de Smith com a ideia de vantagens absolutas.

sábado, 4 de maio de 2013

Análise do IEDI para o aumento déficit nas transações de bens industrializados

A Retração das Exportações dos Bens da Indústria de Transformação


Os dados da balança comercial de bens industriais no primeiro trimestre do ano mostram algo novo e muito relevante em termos das transformações que vêm ocorrendo no comércio exterior brasileiro. É recente a passagem de superávit para déficit nesse comércio. Até o primeiro trimestre de 2007, o saldo era positivo. A crise de 2008/2009 precipitou e aprofundou a transição para déficits muito altos, o que vem tendo sequência até os dias atuais. Uma mudança está em curso neste processo: se entre 2010 e 2012 os maiores déficits resultaram de uma “invasão” de importações (as quais cresceram muito mais do que as exportações, que também evoluíam a taxas significativas), em 2013 o fator indutor foi, principalmente, a retração das exportações. 

De fato, a se julgar pelo primeiro trimestre, as importações de bens industriais pouco aumentaram, ou devido a um esmorecimento da “invasão” de importados ou porque a economia doméstica estagnou, de forma que o maior déficit resultou da queda bem significativa das exportações. Se olharmos em perspectiva, há um movimento em curso que reflete em termos amplos a crise de competitividade da indústria. Esta se apresentou nos últimos anos, em primeiro lugar, como perda de mercado interno para o produto importado, mas agora se revela como perda ampla de mercados de exportação. Custos, câmbio, produtividade, política industrial, acordos comerciais são temas que não podem ser deixados de lado para que o percurso acima descrito possa ser estancado. Tendo prosseguimento, o processo agravará o progresso do déficit em transações correntes brasileiro que, por enquanto, é financiável.

No trimestre inicial de 2013, o Brasil exportou US$ 31,6 bilhões em produtos típicos da indústria de transformação menos 5% do que vendeu em igual período de 2012, US$ 33,3 bilhões. Bens industriais de alta e média alta tecnologia experimentaram declínio das vendas externas de nada menos do que 11,8%. Tal recuo concorreu para o déficit recorde destes bens, de US$ 16,3 bilhões (no ano passado, déficit de US$ 13,3 bilhões). 

Quanto ao comércio pela classificação por intensidade tecnológica, valem algumas observações:

·         O déficit em bens dos ramos de alta intensidade tecnológica chegou a US$ 7,8 bilhões em janeiro-março de 2013, com exportações de US$ 1,8 bilhão, aquém de igual período de 2012. Após o ápice do início de 2008, suas exportações têm caído quase ininterruptamente. As importações atingiram US$ 9,6 bilhões, recorde para o período. Os fármacos, com exportações menores, tiveram déficit recorde. Aparelhos de áudio, vídeo, telecomunicações, bem como aparelhos médicos e de precisão também registraram déficits bilionários e sem igual. Desde 2007, exportam-se cada vez menos telequipamentos e bens de áudio e vídeo: após ápice no início de 2006 (US$ 848 milhões), foram vendidos apenas US$ 191 milhões em 2013. Bens de informática também tiveram déficit bilionário. O déficit, de US$ 311 milhões, em aeronaves e afins foi o maior da série, com queda nas exportações destes itens.

·         As exportações de produtos de média-baixa intensidade declinaram de US$ 9,8 bilhões no trimestre inicial de 2012 para US$ 8,6 bilhões em igual período de 2013. Com o recorde de importação, o déficit destes bens alcançou US$ 14,1 bilhões, o pior saldo dentre as quatro faixas de intensidade tecnológica e o pior de sua série. Os déficits de automóveis; de máquinas mecânicas; equipamentos elétricos; e de produtos químicos (exceto farmacêuticos) atingiram níveis sem iguais, com o agravante da queda nas exportações. As vendas externas de automóveis e afins recuaram para US$ 3,2 bilhões. Os químicos registraram o maior déficit entre todos os grupos de bens da indústria de transformação em 2012, déficit de US$ 5,5 bilhões.

·         Já as exportações de mercadorias típicas de ramos de média-baixa intensidade tecnológica, retrocederam em US$ 1,0 bilhão, ficando em US$ 7,9 bilhões no início de 2013. Assim, pelo quarto ano seguido, presenciaram déficit, de US$ 2,9 bilhões. Foram os quatro únicos anos de déficit em toda a série para janeiro-março, com início em 1989. O superávit dos produtos metálicos, menor do que em janeiro-março de 2012, não tem mais contrabalançado o déficit em produtos derivados do petróleo refinado, álcool e afins. Como agravante, as exportações de produtos metálicos declinaram de US$ 5,8 bilhões para US$ 5,1 bilhões, enquanto as de derivados de petróleo e afins, de US$ 1,5 bilhão para apenas US$ 846 milhões. O ramo naval logrou o único superávit da faixa, exportando US$ 817 milhões.

·         Os bens típicos da indústria de baixa intensidade tecnológica obtiveram o único superávit no começo de 2013: de US$ 8,5 bilhões, nível recorde. O Brasil exportou US$ 13,4 bilhões destes bens. Destas exportações, só alimentos industrializados, bebidas e fumo responderam por US$ 8,0 bilhões. Outro grupo, de produtos madeireiros, celulose e papel, logrou superávit de US$ 1,5 bilhão, com exportações de US$ 2,1 bilhões, montante praticamente igual ao de janeiro-março de 2012. Mas o resultado dos bens intensivos em trabalho – têxteis, artigos de vestuário, calçados, couro, além de produtos diversos – continuam se deteriorando, com déficits cada vez maiores. As exportações de têxteis, artigos de vestuário, calçados e couro ficaram ligeiramente acima do registrado no mesmo trimestre de 2012, US$ 1,1 bilhão. 
                      
          Fonte: IEDI

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Algumas reflexões sobre a posição da China na economia internacional

Essas são algumas questões que respondi para o jornal Gazeta do Povo um tempo atrás. Mas as reflexões ainda são válidas para o momento. 


1 - A China tem o segundo maior PIB - atrás apenas dos EUA - e é também a maior exportadora do mundo. Como o senhor avalia a atual situação chinesa, seus índices de crescimento e seu posicionamento no cenário mundial? Qual a importância da China hoje e - num exercício de prospecção - no futuro próximo? 

 A China é um país que ganhou uma elevada importância no cenário internacional, sobretudo nos últimos 30 anos. Quando a China começou a chamar a atenção do mundo para o seu impacto nas relações internacionais de troca, muitos analistas disseram que se tratava de um dragão adormecido que se despertava. Sem dúvida, a China é grande em todos os aspectos e, sobretudo no aspecto econômico vem tomando espaço e definindo novas diretrizes no modo de inserção dos países nas atividades econômicas. Mais do que nunca a China passa a ser tema preponderante na agenda das relações comerciais multilaterias e bilaterais dos países. Acredito que um fato importante que marca a trajetória de desenvolvimento chinês se refere à posse de um projeto de país. Ou seja, os resultados a respeito do desempenho chinês verificados hoje provêm de um planejamento de longo prazo. Foi a partir dele que o governo central chinês buscou atingir suas metas a todos os custos, independentemente das críticas severas advindas, sobretudo, dos países ocidentais. Eu diria que pensar o futuro, significa pensar em que sentido a China influencia o futuro. Isso é muito importante, com grande destaque para o caso brasileiro. Como disse, a China é grande em tudo e em tudo aquilo que ela ainda não é tão grande, ela pretende ser o maior ou estar entre os países que se colocam na dianteira. Um exemplo interessante se refere à participação chinesa na produção de álcool combustível. Apesar de EUA e Brasil ocuparem a liderança nesse segmento, curiosamente, a China já se despontou como terceiro maior produtor mundial, apesar de ainda estar bem longe da capacidade produtiva que os dois primeiros países possuem. No entanto, cabe frisar que por trás desse fato existem outras questões estratégias importantes ditando o rumo de como áreas relacionadas à dianteira na produção de combustíveis ambientalmente mais sustentáveis está sendo gerida pela China. E aí que reside a capacidade de surpreender o mundo que a China possui e não poupa esforço para acelerar seus avanços econômicos.


 2 - A China é sem dúvida uma grande potência econômica, mas qual sua importância política? É um país com poder de influenciar ou motivar decisões globais? Em quais segmentos ou casos isso seria possível? 

 É impossível dissociar a importância econômica que a China possui atualmente de uma importância política no contexto global. Com um certo espanto, os EUA viram o avanço chinês de longe, e, em grande medida, contribuíram para isso. Um rápido exemplo nesse sentido se refere ao deslocamento expressivo de plantas industriais de muitas empresas americanas para a China nas últimas décadas. Ao mesmo tempo, os EUA passaram a ser o principal cliente da China, ao mesmo tempo em que crescentemente passou a depender de aportes abundantes de recursos chineses nos EUA. É uma relação muito mais complexa, obviamente, e isso tem reflexo direto sobre as relações políticas. No entanto, o ponto é que as diretrizes econômicas dos EUA passaram a estar crescentemente atreladas ao comportamento adotado pela China. Nesse sentido, o maior problema nesse momento se refere à chamada guerra cambial, prenunciada pelo ministro Mantega. Ao mesmo tempo em que a moeda chinesa desvalorizada tem causado impacto sobre as contas do balanço de pagamentos nos EUA (como também para o resto do mundo), o dólar tem se desvalorizado perante outras moedas internacionais. E é aí que os problemas políticos entre os países ficam cada vez mais delicados, pois o mundo tem sentido impacto negativo do comportamento (irresponsável na visão de muitos governos) dos EUA e China na gestão macroeconômica. 

 3 - Estaríamos assistindo ao início de uma bipolarização econômica e política entre EUA e China, tal qual como aconteceu após a Segunda Guerra Mundial entre EUA e União Soviética? Como o senhor vê, no cenário atual, essa questão de divisão de poder no mundo? 

Não acredito que exista uma bipolarização econômica entre EUA e China. Vejo que, muito pelo contrário, ainda prevalece (e tende a continuar por algum tempo) a relação de sinergia econômica entre os dois países. Oras, a sinergia muitas vezes pode não ser benéfica e equânime para ambos os lados e em todo o processo, mas, como disse anteriormente, os dois países construíram uma relação que não pode ser desfeita completamente da noite para o dia. E ambos os países terão que encontrar um caminho que permita dialogar sobre os problemas e definir estratégias conjuntamente para minorar os impactos negativos que o mundo vem sentindo. O custo dessa iniciativa conjunta para os dois países (e para o resto do mundo) será muito menor do que, caso contrário, opte-se por uma ação isolada, não concatenada com a busca de relações internacionais mais “saudáveis” e com menos retaliações. 

4 - No que diz respeito às relações comerciais e econômicas entre Brasil e China, como o Brasil pode se beneficiar ou vem se beneficiando com o crescimento chinês? Ou, seguindo agora uma outra linha de raciocínio, no que o crescimento chinês pode atrapalhar ou tem atrapalhado o desenvolvimento econômico brasileiro? 

A China se tornou o primeiro parceiro comercial do Brasil em 2009, tomando o lugar que historicamente era dos EUA. Isso é uma sinalização extremamente importante e que não deve ser deixada de lado pelos gestores públicos e pelos empresários no Brasil. Nessa relação com a China, somos, primordialmente, vendedores de commodities (com destaque para soja e minério de ferro) e compradores de uma gama de produtos muito, mas muito mais diversificada, e com destaque para produtos manufaturados. Ainda temos conseguido manter superávits nas relações de troca, em grande medida favorecidos pelo cenário internacional de preços mais elevados para commodities nos últimos anos e também devido pelo apetite enorme dos chineses por nossos produtos. Isso é bom ou ruim? Depende. A resposta conclusiva para essa questão somente poderá ser obtida nas próximas décadas. E isso está diretamente associado às estratégias de desenvolvimento que o Brasil vier a se dotar perante esse cenário. Sem dúvida nenhuma tem sido bom para o país receber todas as divisas provenientes da China. Além disso, as perspectivas de investimentos chineses no Brasil, a partir desse ano, são colossais. Mas, mais uma vez, trata-se de um projeto de país, faz parte de um plano de desenvolvimento muito maior e denso, no qual a China se preocupa em buscar as commodities de países como o Brasil, e não a commodity manufaturada. Importante será ter a certeza de como o Brasil pretende lidar com os agentes que se projetam nesse cenário. Devemos definir se passaremos o resto da eternidade fornecendo commodities sem ou com pouco processamento ao resto do mundo (ou melhor, até o seu esgotamento) ou se podemos ter, também, um projeto de país para o longo prazo. Assim, se o país utilizará os louros colhidos nesse cenário de abundância para redefinir sua estratégia de desenvolvimento, de inter-relação com os demais países, sobretudo aqueles mais vorazes e impetuosos. Um único exemplo, mas que vale por vários, é o fato de que investidores chineses estão alvoroçados pelo petróleo brasileiro. Mais uma vez, a dúvida é: venderemos petróleo aos nossos parceiros ou venderemos todos os produtos transformados da indústria petroquímica? A primeira opção pode ser a mais simples e tentadora para horizontes de curto prazo. A segunda opção poder ser mais custosa num primeiro momento, mas estrategicamente mais virtuosa para o país que sonha ser desenvolvido. 


5 - Como o senhor vê a China, de modo geral. É o país do futuro? Ou é um país que será suplantado, futuramente, por novas potências emergentes como Rússia ou Índia?

Se a China será o país do futuro ainda é cedo dizer, muito cedo eu ouso dizer. O termo desenvolvimento envolve a conjunção de diversos aspectos essenciais para a vida de todos os indivíduos. E, nesse sentido, a China ainda tem muito o que melhorar e superar. Mas eu não ouso afirmar que eles não serão capazes de superar, no futuro, os gargalos hoje existentes. Acredito que os EUA continuarão se a manter como grande potência mundial, apesar dos percalços que sabemos existir. No entanto, os EUA possuem o predomínio (ou mesmo, em vários aspectos, o domínio) naquilo que é fundamental ao desenvolvimento econômico: o conhecimento e capacidades de aplicar esse conhecimento para o avanço das atividades econômicas. Mas, mais uma vez, a China também tem se reposicionado nesse aspecto e tem investido crescentemente na formação de pessoas qualificadas e em pesquisas de ponta. Existe, ainda, um longo caminho a ser percorrido pela China, no entanto o processo já se iniciou e caminha com muita força. Há pouco tempo atrás, era comum olhar os produtos chineses com uma desconfiança muito grande sobre sua qualidade. Ainda existem muitos desses produtos com menor qualidade que tem abocanhado mercados localmente ou de produtores nacionais em terceiros mercados. No entanto, a capacidade de superação da China mostra que cada vez mais os produtos vendidos pelos chineses ao mundo possuem padrões de qualidade equiparados àqueles vistos nos EUA e Europa. E, não é a toa que um número enorme de empresas multinacionais americanas e européias remetem seus produtos aos clientes espalhados pelo mundo a partir da China.